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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Os colecionadores de pára-raios




Há quem na ânsia da compreensível busca de um nem sempre bem definido e esclarecido desenvolvimento pessoal (DP), não faça mais que "colecionar para-raios sem a mínima preocupação com os alicerces e as paredes do seu edifício". O que importa é o para-raios! Que todos o vejam e quanto mais "bonitinho" e melhor que o do meu vizinho, melhor.

Particularmente a partir dos anos 90 do século passado, na vida passaram a imperar valores no lugar dos Valores e logo nasce(ra)m "especialistas" da matéria "vendendo" a eficácia exclusiva do seu produto que é sempre melhor que o do "outro".  As pessoas, vazias que andam, e que são, logo correm atrás; sobretudo se for estrangeiro, e em particular americano, vão de cabeça sem reflexão nem discernimento. Umas acabam por reconhecer o logro do marketing, indignam-se, desistem por revolta ou por ceticismo, e correm o risco de nunca se encontrarem; ficam no caminho sem se realizarem. Outras, despertam e poderão vir a encontrar o seu caminho, não num vendedor de sonhos mas num educador que lhes ensine que "the simple is the best"/(o simples é o melhor) e as ponha a caminhar porque o Caminho faz-se caminhando e não por se assistir. Outras ainda, como quando depois de uma refeição sentimo-nos insatisfeitos por não termos escutado a "nossa" vontade mas a de outrem, a que também ele não tinha alternativa, sentem-se insatisfeitas e partem à procura de outros para-raios que vão colecionando nalgum sótão até ao dia que despertam e verificam que o que afinal lhes falta é o telhado e o "edifício" onde os colocar e pôr em ação.

Então amigos, aqueles que procuram o DP mas que ainda não se sentem realizados, satisfeitos, preenchidos, felizes, "apesar dos para-raios que já compraram até hoje", considerem a necessidade de passarem por outros níveis de crescimento igualmente úteis ao DP (em alguns casos os únicos que faltam. É um pouco como a história daquele sujeito a quem disseram que tinha que estudar. Preguiçoso e burro, passou a vida a estudar o 1º ano do 1º nível!), "construindo o edifício desde as suas fundações" como qualquer edifício de construção civil, e não comprando às pressas um ou outro para-raios porque o DP não está só no TER nem no SER, aliás, ainda que lhe possam ser indispensáveis, podem tornar-se os níveis mais abjectos do DP (infelizmente o mundo já provou amargamente as consequências de tais ações.). Muitos, tão distantes que estão do EU nem o (re)conhecem, menos ainda os outros níveis de DP de maior elevação. 

Se tudo para ser forte, firme e seguro , precisa de uma boa base, porque não nós, humanos? Aos olhos da Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas, não somos diferentes. Pelas capacidades que já desenvolvemos até aqui e que nos permitem viver na condição de hominídeos, somos antes mais responsáveis. Contudo, e apesar de todo o conhecimento pluricientífico disponível nos dias de hoje, muitos são como a árvore que na ânsia da busca da luz e da produtividade, a mando da ganância do homem, cresceu demais e "esqueceu-se" que tinha raízes e que delas deve(ria) cuidar para seu bem e das demais à sua volta, algumas nem as têm preferindo viver à custa de outras, parasitando, sugando o que por direito é do outro (é o "novo" conceito de honorabilidade que alguns pretendem impor à sociedade em agonia perante a nova raça redimida). Uma árvore sem raízes debilitar-se-á com facilidade e nem o escoramento a salvará se não o aproveitar para se enraizar solidamente.

Só há DP se o mesmo garantir ao indivíduo cumprir o seu Sentido de Vida Pessoal em (re)conciliação com o Plano Evolutivo da Vida Cósmica, fator que, apesar de reconhecido pela psicologia, poucos conhecem e menos ainda os que o atendem
Aproveite o tempo para cuidar dos seus alicerces e não ande comprando às pressas um ou outro para-raios porque tudo precisa de tempo para se robustecer.

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